Excertos de 3 artigos da edição online n.º 477, de 6 de fevereiro de 2017, do jornal Revolution/Revolución, voz do Partido Comunista Revolucionário, EUA (revcom.us).

 

O ataque fascista ao protesto de Seattle contra Milo Yiannopoulos

1 de fevereiro de 2017

 

No dia da tomada de posse de Trump, a 20 de janeiro, ocorreu um grave ataque fascista na Universidade de Washington (UW), onde mais de 1000 pessoas tentaram impedir a presença do porta-voz fascista de Trump, Milo Yiannopoulos. Apesar dos ataques da polícia que tentou romper as linhas de pessoas que se agarravam pelos braços para impedir o discurso dele, os manifestantes mantiveram-se firmes e a maioria dos que queriam ouvir esse fascista promotor de ódio foram impedidos de entrar.

Mas uma das pessoas presentes no protesto foi atingida a tiro por um apoiante de Yiannopoulos e Trump. Isto só foi conhecido uma semana depois. A pessoa atingida é um membro da organização Trabalhadores Industriais do Mundo e tem trabalhado a nível local com a Coligação de Ação de Bairro, a qual está a organizar a defesa de pessoas que são alvo das forças de Trump e Pence.

No meio de uma situação tensa e de confrontos entre os manifestantes e os pró-fascistas, um canalha puxou de uma arma e atingiu aquele homem no tórax, ferindo-o gravemente. Ele vai conseguir recuperar, embora facilmente pudesse ter morrido. Após os tiros, a polícia da UW não fez nada para avisar as pessoas ou controlar os fascistas. Mais tarde, nessa mesma noite, o atirador entregou-se à polícia depois de uma descrição dele ter circulado pela imprensa. Ele alegou ter disparado em autodefesa e que pensou estar a ser atacado por um “supremacista branco”. De uma maneira ultrajante, ele foi libertado pela polícia quase de imediato, depois de ter contado a história dele em que se fez de vítima.

A justificação dele para disparar sobre uma pessoa é simplesmente inacreditável e apenas uma mentira. A pessoa sobre quem ele disparou é um antifascista e, segundo alguns amigos, estava a tentar separar as pessoas envolvidas nos confrontos. O depoimento de uma testemunha ocular é consistente com isto, dizendo que ele estava a tentar parar alguém, aparentemente do lado de Yiannopoulos, que tentou lançar gás pimenta sobre as pessoas. Além disto, não há absolutamente nenhuma justificação para puxar de uma arma e depois disparar contra uma pessoa, numa situação em que ninguém estava em perigo grave até ele ter aparecido com a arma dele, a qual ele estava a usar contra as regras da universidade sobre o porte de armas no campus. Apesar disso, a polícia deixou-o ir embora.

Durante dias, a imprensa basicamente repetiu a versão do atirador. Depois, finalmente veio a público que o atirador era um apoiante de Yiannopoulos e Trump, segundo a página de Facebook dele. Ele chegou mesmo a enviar um SMS a Yiannopoulos durante o protesto, pedindo a Yiannopoulos que lhe arranjasse um outro boné “Tornar os Estados Unidos grandiosos de novo” porque alguém tinha “arrancado” o dele durante o protesto. Embora Yiannopoulos não tenha respondido, foi noticiado que ele se recusou insensivelmente a cancelar o discurso depois de ter ouvido falar nos tiros porque, se o fizesse, “eles [os manifestantes] teriam ganho”.

A polícia alega que ainda está a investigar o incidente, mas hoje, quase duas semanas depois, o atirador não foi detido nem acusado, e ainda continua em liberdade. Estes tiros são uma escalada muito grave da violência fascista contra os milhões de pessoas que odeiam Trump e Pence e tudo o que estes defendem, muitas das quais se ergueram corajosamente para resistir de muitas maneiras diferentes.

Além disso, a presidente da universidade, Ana Mari Cauce, tem sangue nas mãos porque se recusou a cancelar o discurso de Yiannopoulos com base na “liberdade de expressão” e depois cínica e hipocritamente emitiu um comunicado a caluniar a violência que ocorreu após os disparos. Que estava ela à espera que acontecesse? Cauce autorizou o evento apesar do historial de declarações de ódio racista e misógino de Yiannopoulos e de toda a brutalidade de que ele é um dos defensores, tão plenamente evidente agora após os primeiros 10 dias de Trump no cargo. Milhares de pessoas tinham assinado uma petição a exigir que Cauce cancelasse o discurso, mas ela recusou. Pelo contrário, Cauce permitiu que vis e odiosos fascistas se juntassem e aparecessem em grupo, e depois um desses canalhas disparou sobre uma pessoa. Cauce deveria ter vergonha e deveria ser condenada pela participação dela em permitir que tudo isto acontecesse.

É muito importante que este ataque seja denunciado nas suas verdadeiras dimensões e que as pessoas exijam que o atirador seja acusado e encarcerado, e que ao mesmo tempo continuem a lutar por resistir a Trump e Pence e a construir o movimento até ao momento em que eles sejam expulsos.

 

Três pontos sobre a justa ação que impediu o fascista Milo Yiannopoulos de discursar na Universidade da Califórnia em Berkeley

2 de fevereiro de 2017

 

O historial fascista de Milo Yiannopoulos e David Horowitz

Milo Yiannopoulos ascendeu à proeminência em 2014 ao participar na controvérsia “Gamergate” [um grupo que insulta, assedia e ameaça as mulheres na indústria dos videojogos – NT]. Ele representou um papel chave no encorajamento dos ataques vis, misóginos e fisicamente ameaçadores que surgiram tendo como alvo mulheres específicas que se exprimiram como importantes criadoras e críticas da industria dos videojogos. Apenas um exemplo entre muitos, uma criadora de videojogos foi forçada a mudar de casa devido ao assédio e às ameaças que recebeu depois de ter ridicularizado os apoiantes do Gamergate. O processo de “swatting”, ou seja de enviar equipas SWAT [Special Weapons And Tactics, grupos policiais especializados em armas e táticas – NT] a casa de alguém sob falsos pretextos de tomadas de reféns ou ameaças terroristas, começou a ser utilizado pelos Gamergaters não só contra as mulheres que se exprimiam contra eles, mas também contra as famílias delas.

Em julho de 2016, o Twitter anunciou a interdição permanente de Yiannopoulos devido ao papel dele na orquestração do extremamente perigoso assédio racista e misógino que visou a atriz negra Leslie Jones na sequência do papel principal dela no novo filme Ghostbusters. Jones descreveu o inferno pessoal que foi forçada a suportar, dizendo: “Fui chamada Apes [Macacos], enviaram-me imagens de rabos de macacos, cheguei mesmo a receber uma imagem com sémen sobre a minha cara. Estou a tentar entender o que significar ser humano.”

Yiannopoulos associou-se depois a David Horowitz e agora eles estão a lançar uma campanha nacional para acabar com as universidades como santuários. Horowitz descreveu assim a missão deles: “O chamado ‘movimento santuário’ é um esforço combinado das administrações de esquerda nas principais cidades para contrariar os objetivos do Patriot Act, para minar a lei federal de imigração e para incapacitar os esforços do Departamento de Segurança Nacional para proteger os cidadãos norte-americanos de ameaças terroristas. Graças aos esforços de ativistas e administradores de esquerda, este movimento sedicioso propagou-se agora às nossas faculdades e universidades. Isto é uma situação que não podemos permitir que continue.” Eles também exigiram que “sejam processados [os responsáveis e estudantes universitários] que põem em risco os estudantes com as políticas deles de proteção de estrangeiros ilegais”.

Horowitz é há várias décadas um operacional de alto nível do Partido Republicano. Depois da vitória eleitoral de Bush em 2004, Horowitz desencadeou um ataque altamente publicitado que visou intimidar e silenciar o pensamento crítico e a dissidência dentro da academia em todo o país. Representou um papel chave no ataque a um académico nativo norte-americano, presidente do Departamento de Estudos Étnicos da Universidade do Colorado em Boulder. Isto foi usado como a desculpa de abertura de um vasto ataque a académicos radicais e progressistas em todo o país com a publicação em 2006 do livro dele intitulado: Os Professores: Os 101 Académicos Mais Perigosos nos Estados Unidos.

Os ataques liderados por Horowitz às universidades continuaram no outono de 2016 contra os estudantes, as organizações e os movimentos que apoiam os direitos dos palestinos. Horowitz tem estado por trás de cartazes com rostos de estudantes. Os cartazes descrevem os SJP [Estudantes pela Justiça na Palestina] como “os principais patrocinadores de atividades anti-Israel e antijudaicas nas universidades” e acusam as pessoas aí mencionadas de se aliarem ao Hamas, que o centro alega ser uma “organização terrorista”.

Ontem à noite, 1 de fevereiro, milhares de estudantes, professores e outras pessoas protestaram contra a presença e a organização da reunião com Milo Yiannopoulos, uma importante operação fascista, impedindo-a. Isto foi justo e é necessário fazer muito mais como isto.

Em resposta, estão a ser lançados ataques generalizados, distorções e ameaças, incluindo do próprio Fascista-Chefe Trump, que ameaçou cortar todos os fundos federais à Universidade da Califórnia em Berkeley.

Estas ameaças perigosas devem ser vigorosamente denunciadas e devem ter a nossa oposição.

Sejamos claros: Milo Yiannopoulos não está a promover a “liberdade de expressão”. Ele é conscientemente o ponta-de-lança da nazificação das universidades norte-americanas.

Ponto Um: Nos seus discursos e textos, Yiannopoulos não está simplesmente a exprimir opiniões – e certamente não está a “desafiar corajosamente a ortodoxia política” como ele gostaria que as pessoas acreditassem. Pelo contrário, ele vomita um fanatismo odioso, grosseiro e insensível e insultos de baixo nível contra as pessoas marginalizadas e oprimidas e tem um historial documentado de iniciar conscientemente campanhas de assédio, de perseguição e de ameaças de violência.

Ponto Dois: De uma forma ainda mais fundamental, Yiannopoulos é um operacional fascista com ligações aos mais altos escalões do regime fascista de Trump e Pence. Ele é um editor principal da rede noticiosa Breitbart News, a casa do movimento supremacista branco, antissemítico e odeia-mulheres “alt-right” [direita alternativa], cujo anterior chefe, Steve Bannon, é agora um poderoso motor do regime fascista de Trump. Na atual digressão dele, Yiannopoulos associou-se a David Horowitz, um homem com um historial de décadas de atacar e trabalhar para que sejam despedidos professores progressistas e de inclinação radical devido aos pontos de vista políticos deles e também conhecido pelas duvidosas mentiras para justificar o império norte-americano e o seu papel no mundo. Uma missão explícita do esforço conjunto deles é acabar com as universidades santuário e visar os estudantes indocumentados.

Ponto Três: A digressão de Yiannopoulos pelas universidades faz parte de um ataque mais vasto, em rápida escalada e fascista em toda a sociedade contra o pensamento crítico, a ciência, a capacidade de descobrir verdades fundamentais sobre a realidade objetiva e de denunciar as mentiras fascistas. O regime de Trump e Pence está a mentir implacavelmente, a amordaçar as agências governamentais, a ameaçar a comunicação social e a despedir ou a ameaçar os funcionários governamentais que lhe resistem. Isto acontece porque o programa fascista deles está violentamente em conflito tanto com os factos básicos sobre o mundo como com o que a maioria das pessoas pensa ser justo. Faz parte da preparação dos capangas fanáticos deles para levarem a cabo acefalamente atrocidades ao serviço do programa deles.

Neste contexto, as universidades constituem um problema estratégico para este regime fascista porque elas – mais que o resto da sociedade – expõem os estudantes ao mundo em geral e encorajam as pessoas a pensar criticamente e a explorar pontos de vista contrários. É por isto que fascistas como Yiannopoulos e Horowitz têm visado as universidades de uma forma tão vil e por que o próprio Trump apareceu tão avidamente para lhes dar apoio.

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Por todas estas razões, o que aconteceu na Universidade da Califórnia em Berkeley faz parte do tipo de protestos vastos, poderosos e com significado que é necessário continuar a uma escala sem precedentes para EXPULSAR este regime do poder. Estes protestos devem ser apoiados e defendidos por todos aqueles que valorizam o pensamento crítico, a capacidade de procurar e debater o que é realmente verdade, a ciência e o pensamento científico, o espaço para a dissensão – e por todos os que se opõem a toda esta direção e reordenação fascista do mundo com as suas ameaças sem paralelo a toda a humanidade e ao próprio planeta.

 

Rebenta controvérsia sobre a ação que impediu Milo Yiannopoulos de discursar na Universidade da Califórnia em Berkeley

4 de fevereiro de 2017

 

De um membro do Clube Revolução da Zona da Baía de São Francisco:

Querido Revcom,

Há uma intensa controvérsia em todos os Estados Unidos, mas sobretudo aqui na Zona da Baía, na sequência da ação que impediu Milo Yiannopoulos de discursar na Universidade da Califórnia em Berkeley [UC Berkeley]. Na manhã seguinte, os relatos da comunicação social caluniavam a “violência” desta ação e falavam sobre como este era um “dia negro para a liberdade de expressão na casa do movimento pela liberdade de expressão”. O Presidente Trump enviou uma ameaça pelo Twitter: “Se a UC Berkeley não permite a liberdade de expressão e pratica a violência sobre pessoas inocentes com um ponto de vista diferente – NÃO HAVERÁ MAIS FUNDOS FEDERAIS?”

Por isso, rapidamente alguns de nós do Clube Revolução imprimimos várias centenas de cópias do artigo do revcom.usTrês pontos sobre a justa ação que impediu o fascista Milo Yiannopoulos de discursar na UC Berkeley” e fizemos dois cartazes: “Fala-me sobre a justa ação para impedir o fascista Yiannopoulos” e “Yiannopoulos não está a promover a ‘liberdade de expressão’. Ele é conscientemente o ponta-de-lança da nazificação das universidades norte-americanas” e fomos até à universidade.

Durante mais de três horas, instalámo-nos e fomos a âncora de um redemoinho de debate com entre 50 e 100 estudantes. Os órgãos de comunicação social que tinham vindo para noticiar o rescaldo dos acontecimentos também nos ouviram. Definitivamente, a ação para impedir o fascista Yiannopoulos de discursar era imensamente controversa.

Na mistura de pessoas, havia estudantes que pensavam que era justo que Yiannopoulos tivesse sido impedido de discursar e alguns deles falaram sobre isso. Foi realmente importante que lá tivéssemos ido para levar as pessoas a ver o quadro mais vasto de que este protesto específico faz parte. A maioria dos estudantes – mesmo aqueles que reconhecem o fanatismo, a supremacia branca, a misoginia e a vileza profundas de Yiannopoulos – têm muito pouca compreensão dos vínculos dele aos mais altos cargos do país ou de como esta digressão dele pelas universidades se integra num ataque ao longo de toda a sociedade contra o pensamento crítico, contra uma verdadeira investigação intelectual e a busca da verdade. Em contraste, muitos estudantes não estavam a conseguir encaixar o facto de que Yiannopoulos é um operacional fascista do regime de Trump.

Muitos estavam a ver Yiannopoulos apenas como mais uma pessoa que promove a liberdade de expressão, ou apenas como um canalha e troll da internet e que, ao impedi-lo de discursar, se estava apenas a alimentar o troll. Havia pessoas que diziam odiar a misoginia, a xenofobia e o racismo de Yiannopoulos, mas que mesmo assim o tratavam como se ele fosse apenas um provocador social – demasiado de tudo isto era separado do mundo real, do verdadeiro historial de Yiannopoulos e do regime fascista real de Trump de que ele é um operacional.

Havia pessoas que estavam contra Yiannopoulos, mas algumas delas disseram que o que tinha acontecido na noite anterior não o tinha desacreditado, e antes lhe tinha dado mais atenção que é o que ele quer. Algumas pessoas argumentaram que as pessoas deveriam simplesmente tê-lo ignorado. Ou que os protestos deveriam ter sido mais “protestos como os do costume” e “as pessoas a registar a sua dissensão”. Que o que aconteceu jogou nas mãos das forças de direita que agora se podiam apresentar como vítimas da esquerda intolerante. Quero dizer que as pessoas realmente tinham o ponto de vista de que as pessoas iam ser viradas em todo o lado contra os estudantes da UC Berkeley porque a comunicação social os estavam a retratar como os maus da fita.

Debatemos com as pessoas, defendendo que, primeiro, o que se passa não é que se elas ignorarem o fascismo ele desaparece – estes fascistas estão a gerir o governo – e perguntámos como é que ignorá-los estava a resultar até agora? Segundo, se a maioria das pessoas concorda com um protesto (ou qualquer outra coisa) – ou se a comunicação social consegue virar as pessoas contra alguma coisa – não é assim que se decide se foi correto. Os Abolicionistas foram demonizados no tempo deles, mas tiveram razão mesmo quando a maioria das pessoas (os brancos) discordava deles. Terceiro: argumentámos que era completamente unilateral pensar que toda a gente que viu os relatos da comunicação social iria pensar que os estudantes de Berkeley eram “intolerantes”. Argumentámos que dezenas de milhões de pessoas em todo o país, para não falar em todo o mundo, já estão profundamente enojadas e indignadas com o regime de Trump e irão ficar inspiradas por as pessoas se terem erguido e dito não ao fascismo! Eu sentia que os estudantes não estavam a ver isto, não dando às pessoas suficiente crédito, incluindo para conseguirem ler “entre as linhas” a maneira como as coisas são noticiadas e caluniadas nos grandes órgãos de comunicação social.

Desafiámos os estudantes: “Se vocês estivessem na Alemanha nazi em 1932 e os auditórios universitários estivessem a ser enchidos com a Juventude Hitleriana – e sabendo o que sabem agora sobre os horrores que se seguiram – não teriam feito tudo o podiam para impedir os nazis de discursar?” Alguns estudantes disseram claramente que sim, outros realmente tiveram de fazer uma pausa e refletir sobre a comparação e outros não quiseram ou recusaram-se a ir por aí. E, sim, havia alguns tão agarrados à sua forma de pensar que disseram que mesmo no tempo de Hitler ele deveria ser autorizado a falar.

Alguns dos estudantes disseram estar preocupados por a maneira como a comunicação social estava a relatar as coisas poder fazer com que os seguidores fascistas de Trump ficassem contra os estudantes, juntamente com as ameaças de Trump de retirar milhões de dólares de fundos federais. Dissemos-lhes que mesmo antes de o fascista Yiannopoulos ter sido impedido de discursar, já Trump e o regime dele antipatizavam com as universidades – uma antipatia por elas serem lugares onde as pessoas pensam e são encorajadas a pensar de uma maneira crítica, mais que no resto da sociedade. O regime fascist de Trump e Pence não gosta disto; sente-se ameaçado por isto. Perguntámos onde é que os protestos foram mais intensos após a vitória eleitoral de Trump? Nas universidades! Eles querem impedir que isto aconteça. Eles querem obter uma posição forte fascista nas universidades e esse é, em primeiro lugar, o objetivo da digressão de Yiannopoulos.

Perguntámos aos estudantes, como é que vocês podem olhar para Yiannopoulos apenas do ponto de vista da “liberdade de expressão” quando o regime de que ele é um operacional, e Trump, a quem Yiannopoulos chama “paizinho”, é a antítese absoluta do pensamento crítico e usámos um ponto do folheto: “A digressão de Yiannopoulos pelas universidades faz parte de um ataque mais vasto, em rápida escalada e fascista em toda a sociedade contra o pensamento crítico, a ciência, a capacidade de descobrir verdades fundamentais sobre a realidade objetiva e de denunciar as mentiras fascistas. O regime de Trump e Pence está a mentir implacavelmente, a amordaçar as agências governamentais, a ameaçar a comunicação social e a despedir ou a ameaçar os funcionários governamentais que lhe resistem. Isto acontece porque o programa fascista deles está violentamente em conflito tanto com os factos básicos sobre o mundo como com o que a maioria das pessoas pensa ser justo. Faz parte da preparação dos capangas fanáticos deles para levarem a cabo acefalamente atrocidades ao serviço do programa deles.”

Dissemos aos estudantes: Yiannopoulos e o regime de Trump são fascistas, eles não se preocupam com o que vocês pensam. Eles não estão aqui para terem um diálogo. Eles não querem debater convosco os méritos do fascismo. O que está Trump a dizer às 1000 pessoas do Departamento de Estado que exprimiram discordância para com eles? “Concordem ou vão-se embora”. Eles querem ver toda a gente intimidada e agachada. Eles operam segundo o princípio da “lei do mais forte” e de imporem os “factos alternativos” deles ao mundo. E Yiannopoulos não é perigoso por as ideias dele serem muito irritantes e poderosas, mas devido ao regime fascista que está por trás das ideias dele e que apoia as ideias distorcidas dele.

Algumas pessoas pensavam que Yiannopoulos devia ter sido impedido de discursar, mas não da maneira como foi. Houve janelas partidas e um incêndio e esta “violência” “(...) faz com que os estudantes pareçam pérfidos ou viram toda a gente contra o movimento”. Há um debate e mais que isso para as pessoas se envolverem, mas uma vez mais eu penso que a verdadeira questão é que estes estudantes resistem a ver que é um regime fascista que estamos a enfrentar. Por que resistem eles a isso? Pensam eles realmente que não pode acontecer nos EUA, devido a alguns princípios invioláveis, a alguns controlos e equilíbrios, ou a algum senador que vá aparecer montado a cavalo para salvar o dia? Isto são questões que precisamos de continuar a explorar.

Desafiámos os estudantes para olharem para a violência e a devastação que já estão a ser criadas pelo regime de Trump. As mulheres que em todo o globo estão a sofrer uma violenta afirmação do sistema patriarcal devido à proibição global do aborto por Trump, as dezenas de milhares de imigrantes e refugiados aprisionados na violência devido à proibição feita por Trump, as ameaças de guerra que num só dia Trump fez ao México e ao Irão! Perguntámos aos estudantes: Dormem bem à noite? Estão angustiados com isso e com a promoção disso por Yiannopoulos? Perguntámos aos estudantes se eles sabiam que Yiannopoulos apareceu num palco com um uniforme da polícia numa das recentes presenças dele numa universidade estadual, onde despejou o veneno anti-imigrante e antimuçulmano dele. Perguntámos: E quanto à maneira como Yiannopoulos se empenha contra o movimento As Vidas dos Negros São Importantes e contra todos os negros que já foram assassinados com total impunidade durante a presidência de Obama e à maneira como Trump quer impor toda essa “lei e ordem” alimentada a esteroides? Já para não falar em todas as pessoas que foram vítimas de crimes de ódio devido à supremacia branca, à misoginia e à xenofobia que o regime de Trump – e, sim, o operacional deles Yiannopoulos – estão a alimentar e a encorajar. Que pensam sobre TODA ESTA violência?

Aconteceu uma coisa realmente perturbadora quando alguns estudantes acusaram todas as duas mil ou mais pessoas que estiveram envolvidas na interdição de Yiannopoulos de terem trazido a “fúria da direita”. Uma vez mais, é a posição de dizer: “Limitemo-nos a ficar quietos e talvez esses fascistas não reparem em nós”. Passa completamente ao lado de tudo o que está na declaração “Três pontos sobre a justa ação que impediu o fascista Milo Yiannopoulos de discursar na UC Berkeley” e nós dissemos aos estudantes que isso é uma moral equivalente a culpar os ativistas dos direitos civis pela brutalidade que eles sofreram, os Cavaleiros da Liberdade que foram para o Sul para lutar contra a segregação, é o equivalente a culpá-los por “terem criado problemas”.

Portanto, ali estávamos nós na famosa Praça Sproul, a casa do Movimento Pela Liberdade de Expressão, a ter este intenso debate, e um estudante disse-nos: “Foi aqui que começou o Movimento Pela Liberdade de Expressão e foi aqui que ele morreu”. E para mim isto é uma loucura. A verdade é que o Movimento Pela Liberdade de Expressão foi um movimento contra a opressão oficial, contra a opressão do estado!

Num sentido imediato, a maioria dos estudantes não concordou connosco. É assim que frequentemente as coisas começam quando milhares de pessoas são recém-atraídas para o debate político – a maioria das pessoas vem com os pressupostos que a sociedade instilou nelas. Ao mesmo tempo, forças poderosas estão a trabalhar arduamente para porem os estudantes e outros na defensiva perante a justa resistência política de que eles fazem parte. Por todas estas razões, foi tão importante o revcom.us ter falado sobre esta situação de uma maneira tão imediata e que nós tivéssemos ido lá empenhando-nos, debatendo, escutando e liderando de uma forma ampla um processo para as pessoas distinguirem o que é realmente verdade e qual é o enquadramento mais vasto de que este protesto particular faz parte. As pessoas fizeram em conjunto uma coisa muito importante ao se erguerem contra Milo Yiannopoulos. O poder está a retaliar. Agora, temos de sair à rua de uma maneira ainda mais vasta para construir sobre as verdadeiras lições e a experiência positiva e atrair ainda mais pessoas com uma compreensão ainda mais profunda para fazer avançar as coisas daqui em diante.

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Lê no sítio internet da estação Democracy Now!: “Protestos forçam a Universidade da Califórnia em Berkeley a cancelar o discurso do nacionalista branco Milo Yiannopoulos” (em inglês). Ou vê a cobertura vídeo da Democracy Now! (começa ao minuto 11:35).

OUVE A SEGUINTE INTERVENÇÃO:

“Equilíbrio” é o critério errado – e é uma cobertura para uma caça às bruxas – Aquilo de que precisamos é da busca da verdade: ensino, uma verdadeira liberdade académica, pensamento crítico e dissensão.
Faixa 1, Faixa 2 (em inglês)

De: Sete Intervenções, por Bob Avakian

 

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